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Cuidando das Cuidadoras: Reflexões sobre o Relatório ‘Esgotadas’ e o Compromisso dos Homens na Saúde Mental Feminina

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Cuidando das Cuidadoras: Reflexões sobre o Relatório ‘Esgotadas’ e o Compromisso dos Homens na Saúde Mental Feminina

O Despertar para uma Realidade Negligenciada

Neste Dia Internacional da Mulher, trago à reflexão uma questão vital que afeta diretamente metade de nossa sociedade e, indiretamente, a todos nós: a saúde mental das mulheres. Inspirado pelo relatório “Esgotadas”, do Laboratório Think Olga, esta coluna se debruça sobre a realidade alarmante do sofrimento psíquico feminino, destacando não apenas a urgência deste tema, mas também o papel fundamental que nós, homens, devemos desempenhar no suporte às mulheres em nossas vidas.

Uma Jornada Pessoal Rumo ao Entendimento

Refletindo sobre o caminho que trilhei, educado por minha mãe, Conceição, tia Anaide e irmã Cintia, mulheres resilientes e fortes, agora reconheço com mais clareza a importância vital do meu engajamento ativo em apoiar emocionalmente e cuidar das mulheres próximas a mim. Essa conscientização é reforçada pela convivência diária com minha esposa, Dra. Luciana Evangelista. Como mãe, profissional da medicina intensiva e elo central na organização do nosso lar, Luciana enfrenta os multifacetados desafios vivenciados pelas mulheres na sociedade.

Através dos seus olhos, inclusive ao sugerir o tema desta coluna, vejo o delicado equilíbrio entre sua força e vulnerabilidade, reconhecendo a necessidade de suporte e compreensão mútua em nosso caminho compartilhado. Agora, como pai de uma menina, Clarice, essa consciência assume uma nova dimensão, fortalecendo meu compromisso em promover um mundo mais justo e empático para ela e todas as mulheres.

O Fardo Invisível: O Relatório ‘Esgotadas’

O relatório “Esgotadas” revela dados estarrecedores, com quase metade das mulheres entrevistadas relatando diagnósticos de transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Este cenário reflete não apenas as demandas excessivas impostas sobre elas, mas também uma cultura de sobrecarga de trabalho e responsabilidades de cuidado

desproporcionalmente atribuídas às mulheres. Em um mundo onde são frequentemente as cuidadoras primárias, questionamos: quem cuida das cuidadoras?

Desconstruindo Normas de Gênero

Como homens, é fundamental que questionemos e desconstruamos as normas de gênero que perpetuam a sobrecarga feminina. Isso implica em ações cotidianas, como compartilhar equitativamente as responsabilidades domésticas e de cuidado, e promover diálogos abertos sobre saúde mental, criando espaços seguros para que as mulheres expressem suas vulnerabilidades.

Promovendo o Apoio no Ambiente de Trabalho e em Casa

A implementação de medidas de apoio, tanto no ambiente de trabalho quanto no doméstico, é crucial para mitigar o impacto do esgotamento mental. Flexibilizar o horário de trabalho, garantir o acesso a serviços de saúde mental e promover uma cultura organizacional que respeite as necessidades femininas são passos importantes nesta direção.

O Papel da Comunidade Médica

A comunidade médica e de saúde pública, da qual faço parte, desempenha um papel importante na promoção da saúde mental feminina, através do tratamento, educação e prevenção. Campanhas de conscientização podem contribuir para combater os estigmas associados ao adoecimento mental, incentivando as mulheres a buscar ajuda sem receio.

Convite à Ação

O relatório “Esgotadas” é um chamado à ação para todos nós, ressaltando a importância de abordagens holísticas e interseccionais na luta contra o adoecimento mental feminino. Como sociedade, devemos priorizar o bem-estar das mulheres, reconhecendo sua imensa contribuição como pilares da nossa comunidade.

Agradecimento às Mulheres em Nossa Vida

Em nome das mulheres que me criaram, daquelas com quem compartilho minha vida e daquelas que contribuem incansavelmente para nossa sociedade, agradeço. Vossa luta diária por equidade, justiça e bem-estar não passa despercebida. Que possamos, juntos, construir um futuro onde o cuidado seja genuinamente compartilhado e a saúde mental de todas as mulheres seja uma prioridade inegociável.

Para um Futuro Compartilhado

Neste Dia Internacional da Mulher, que nossa reflexão e ações em prol da saúde mental feminina reafirmem nosso compromisso com a igualdade, o respeito e o cuidado. Parabenizamos a Think Olga pelo importante trabalho realizado com o relatório “Esgotadas”. Que a leitura deste relatório e o envolvimento ativo dos homens nessa causa marquem um ponto de virada na forma como a sociedade encara e lida com o bem-estar mental das mulheres.

Fontes:

– Laboratório Think Olga. (2024). Relatório “Esgotadas”: Um panorama sobre a saúde mental das mulheres no Brasil. https://lab.thinkolga.com/esgotadas/. Acesso em 08/03/2024.

Gabriel-Pimentel

COLUNISTA

Gabriel Pimentel da Silva

Gabriel Pimentel da Silva, Administrador concursado na Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), com mais de duas décadas de experiência em gestão pública e hospitalar. Atualmente interno de  Medicina do CEUB, é especialista em Administração Pública pela FGV, com mestrado em Gestão Econômica de Finanças Públicas pela UNB, e pós-graduado em Saúde Pública e Coletiva pela UniAmérica. Destaca-se pela liderança em ações e projetos estratégicos e pela promoção de inovações no setor de saúde pública, visando a excelência operacional e a melhoria contínua dos serviços de saúde.

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